O aeroporto é talvez o maior monumento ao sincretismo existente no mundo hoje. Talvez seja pelo fato de que o primeiro avião veio de um brasileiro e nosso povo é sincrético por natureza. Você pára em uma poltrona de fibra (daquelas bem desconfortáveis que só um aeroporto brasileiro pode nos oferecer) e fica observando os mais variados tipos de pessoa indo pra lá e pra cá. É realmente algo sublime como as coisas vão funcionando aos trancos e acertos, idas e vindas, chegadas e despedidas.
Neste momento escrevo e observo uma moça em seus trinta e poucos anos com um vestido todo com cores vibrantes e uma papel amarelo na mão. Ela está impaciente. Olhou ao telefone, ficou com a mão no queixo, ajeitou o cabelo.. já é a segunda vez que ela checa o horário no telão que mostra as chegadas. Lindo é o movimento que ela faz na sua simplicidade e impaciencia.
Interessante os transportadores dos carrinhos de transporte. É necessária muita prática para isso. Os caras tem uma paciência.
Ela continua ali. Impaciente e mostrando seu papel amarelo. Não deve conhecer a pessoa que espera. Por isso a ansiedade. O novo sempre desperta essas sensações na gente. Ela parece desanimada..
Ou cansada né. Afinal estou no Galeão e ele fica no Rio de Janeiro, a terra da magia e diversão. São 10:01 da manhã e a noite deve ter sido boa, afinal, ela é linda.
Passam mais algumas pessoas. Algumas procuram algo, outras não e, outras já encontraram.
Estou curioso opara ver o sorriso de boas vindas dela. Gostaria que fosse para mim.
O pessoal do sindicato estão em suas conversas sobre anos e anos de lutas, conhecimentos acumulados na área e a amizade que formaram. Essa amizade é a prova maior das lutas que enfrentaram. Somente pessoas que enfrentaram lutas, pressões entre si sabem distinguir o valor do companheirismo e camaradagem que envolve os que lutam juntos por alguma causa seja ela qual for.
Ela se foi. Com um senhor careca com um terno azul marinho e uma malinha dessas de puxar. Não consegui ver o sorriso e, provavelmente, nunca mais a verei novamente. Mas o aeroporto é assim. Momentos se tornam eternidades e você vive uma vida em dez ou quinze minutos.
Crianças brincam nas correias de separação de espera e chegada.
Ela se foi.. minha inspiração também.
(escrevi esta crônica no aeroporto do Galeão - RJ em uma saída para um congresso sindical.. espero que tenham gostado.. abraço!)
Amei Mateus... de verdade.
ResponderExcluirVc descreveu com tanto sentimento que me deu vontade de estar com um papel amarelo na mão e nele escrito com letras bem alegres e vibrantes: M A T E U S.
Mas, não posso não é... então receba o meu sorriso, o mais sincero que alguém já pode lhe oferecer até hj...
Um grande abraço
obrigado Ruth!!
ResponderExcluirvindo de você, sei que é um baita elogio.. =)