segunda-feira, 25 de abril de 2011

uma pequena crônica

O aeroporto é talvez o maior monumento ao sincretismo existente no mundo hoje. Talvez seja pelo fato de que o primeiro avião veio de um brasileiro e nosso povo é sincrético por natureza. Você pára em uma poltrona de fibra (daquelas bem desconfortáveis que só um aeroporto brasileiro pode nos oferecer) e fica observando os mais variados tipos de pessoa indo pra lá e pra cá. É realmente algo sublime como as coisas vão funcionando aos trancos e acertos, idas e vindas, chegadas e despedidas.

Neste momento escrevo e observo uma moça em seus trinta e poucos anos com um vestido todo com cores vibrantes e uma papel amarelo na mão. Ela está impaciente. Olhou ao telefone, ficou com a mão no queixo, ajeitou o cabelo.. já é a segunda vez que ela checa o horário no telão que mostra as chegadas. Lindo é o movimento que ela faz na sua simplicidade e impaciencia.

Interessante os transportadores dos carrinhos de transporte. É necessária muita prática para isso. Os caras tem uma paciência.

Ela continua ali. Impaciente e mostrando seu papel amarelo. Não deve conhecer a pessoa que espera. Por isso a ansiedade. O novo sempre desperta essas sensações na gente. Ela parece desanimada..

Ou cansada né. Afinal estou no Galeão e ele fica no Rio de Janeiro, a terra da magia e diversão. São 10:01 da manhã e a noite deve ter sido boa, afinal, ela é linda.

Passam mais algumas pessoas. Algumas procuram algo, outras não e, outras já encontraram.

Estou curioso opara ver o sorriso de boas vindas dela. Gostaria que fosse para mim.

O pessoal do sindicato estão em suas conversas sobre anos e anos de lutas, conhecimentos acumulados na área e a amizade que formaram. Essa amizade é a prova maior das lutas que enfrentaram. Somente pessoas que enfrentaram lutas, pressões entre si sabem distinguir o valor do companheirismo e camaradagem que envolve os que lutam juntos por alguma causa seja ela qual for.

Ela se foi. Com um senhor careca com um terno azul marinho e uma malinha dessas de puxar. Não consegui ver o sorriso e, provavelmente, nunca mais a verei novamente. Mas o aeroporto é assim. Momentos se tornam eternidades e você vive uma vida em dez ou quinze minutos.

Crianças brincam nas correias de separação de espera e chegada.
Ela se foi.. minha inspiração também.

(escrevi esta crônica no aeroporto do Galeão - RJ em uma saída para um congresso sindical.. espero que tenham gostado.. abraço!)

2 comentários:

  1. Amei Mateus... de verdade.

    Vc descreveu com tanto sentimento que me deu vontade de estar com um papel amarelo na mão e nele escrito com letras bem alegres e vibrantes: M A T E U S.

    Mas, não posso não é... então receba o meu sorriso, o mais sincero que alguém já pode lhe oferecer até hj...

    Um grande abraço

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  2. obrigado Ruth!!

    vindo de você, sei que é um baita elogio.. =)

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